Em tempos de pandemia, a população da Nova Zelândia pode se considerar extremamente privilegiada por viver uma vida que praticamente é considerada “normal”. Apesar da nação permanecer em constante alerta, fato é que, quem mora no país não consegue ter uma dimensão real de como a Covid-19 tem impactado o mundo todo. Máscaras tornaram-se praticamente opcionais, assim como distanciamento social. A sociedade é encorajada a seguir os protocolos de segurança, mas, diante da possibilidade um tanto quanto remota de um surto, muitos já estão aproveitando o cotidiano de forma quase plena.
Contudo, a questão enfrentada hoje é a velocidade do programa de vacinação nacional. Boa parte das decisões do governo dependem do sucesso desta campanha, principalmente quando se trata da reabertura gradual das fronteiras.
A Nova Zelândia está bem abaixo de outros países da OCDE no que diz respeito às taxas de vacinação per capita.
Países como Israel já vacinou cerca de 57,02% de sua população, França 33,07% e Irlanda com 36,03%. O Brasil até o momento vacinou cerca de 14% de sua população.
A primeira-ministra Jacinda Ardern conteve as críticas, destacando a importância de garantir que as nações mais atingidas pela Covid-19 tivessem acesso primeiro à vacina.
“Fizemos um processo normal para a aprovação da vacina e acredito fortemente que foi a coisa certa a fazer para dar às pessoas a confiança na vacina que estamos usando”, disse ela a Jack Tame da Q + A.
“Aceitamos totalmente que não seríamos os primeiros a lançar, porque a equação na Nova Zelândia é muito diferente. Nosso povo não está morrendo.”
Ardern diz que devido ao menor grau de urgência, alguns países que assinaram acordos de vacinas depois da Nova Zelândia podem de fato ter recebido seus suprimentos mais cedo.
“Todos estavam perdendo vidas e nós não, então acho que os neozelandeses aceitam isso. O ponto importante é onde terminamos.”, ressaltou a primeira-ministra.
Ardern afirmou também que a falta de informações claras das empresas farmacêuticas por trás da distribuição da vacina é o que resultou no tempo nebuloso do governo sobre como seriam as fases futuras do processo.
“Estamos contando com dados gerais de empresas farmacêuticas sobre o que eles acreditam que serão capazes de nos entregar”, disse ela ao Q + A.
De forma resumida, estes poderiam ser alguns dos motivos pelos quais a vacinação na Nova Zelândia permanece em ritmo mais lento:
Por não ter tido nenhum surto comunitário grave, o país não está em uma situação considerada “séria” se comparado a outras nações, consequentemente ao que se sugere, a nação optou por não avançar na fila da compra de vacinas;
A Nova Zelândia não fabrica nenhum tipo de vacina;
Somente a vacina da Pfizer foi a escolhida para a implementação, sendo assim, é necessário aguardar os lotes da mesma chegarem, o que esta acontecendo de forma lenta ao longo dos meses.
O governo tem mantido consistentemente a visão de que o mais importante sobre a vacinação não é quando ou como ela começa, mas quando termina.
“Com base em nossas projeções e no cronograma de entrega acordado da Pfizer, devemos terminar de vacinar a maioria das pessoas (ambas as doses) na Nova Zelândia até o final do ano”,
disse o Ministro da Resposta da Covid-19, Chris Hipkins a Stuff em um comunicado.
Ter uma grande população vacinada oferece mais opções na possível reabertura das fronteiras, mas algum cuidado ainda será necessário devido às novas variantes. Segundo Ardern, especialistas estão sendo consultados sobre como e quando a fronteira será reaberta, trabalhando em uma modelagem para ser aplicada quando o momento chegar.
Até o momento, 7 de julho de 2021, estes são os números da Nova Zelândia:
1.149.608 doses da vacina foram administradas em todo o país
705.062 destas são primeiras doses
444.546 foram as segundas doses, o que significa que mais de 444.000 Kiwis estão totalmente vacinados
Este foi um aumento de mais de 130.244 doses administradas comparado à semana anterior